Corda bamba

Só quem vive a flor da pele, sabe o ímpeto que traz o toque, o olhar, a voz de alguém.

A vida é como uma corda bamba, quanto mais intensa fica, mais desequilibra.

A corda não pode esticar demais. Viver na intensidade dos sentimentos nos leva aos extremos do amor e do ódio, da paixão e do desprezo. Da raiva e da compaixão.

Nem a indecisão, nem o medo são freios. Há intensidade tanto na alegria, quanto na dor.

No entanto, pode existir uma batalha entre duas versões intensas. Uma é medrosa e amarga a outra corajosa e doce. A medrosa está sempre a beira do fundo do poço, a confiante na mais serena paz celestial.

A confiante olha a outra e diz: calma menina, eu estou aqui. Você não precisa mais chorar, deixa que eu sigo caminhando!

Mas a medrosa, acostumada a ser a persona dominante insiste: eu preciso continuar o caminho, mesmo sem forças para andar!

Ambas no extremo de suas energias não encontram um denominador comum.

Cada uma numa ponta da corda puxando para o lado oposto só intensifica ainda mais o que precisa bambear um pouco para que haja equilíbrio.

É bom ser intenso para não ser raso, fraco, sem entusiasmo. É bom ser acolhedor, carinhoso.

Havemos de unir as forças para puxar a corda para uma mesma direção, e não a oposta.

Mas, como conciliar emoções tão extremas e antagônicas?

O medo protege, dizem. Ele só não pode paralisar. Observe. Olhe ao redor, note os perigos do caminho, mas não deixe de caminhar. Mude de rota se preciso, apenas não pare.

Os momentos de amargura nos lembram que nem todo sabor é palatável, mas muitas vezes o amargo cura, ameniza a dor apesar do desconforto. Faz parte da vida, e tudo bem!

Confie que apesar do medo e da amargura, a doçura do sorriso amigo, da criança, de um poema está sempre à nossa disposição.

Desacelere.

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