Cada um de nós tem um mapa interno que representa nossa percepção daquilo que recebemos do mundo externo. Quando transmitimos essa experiência a outras pessoas, usamos referências que se aproximam desta impressão interior.

 De uma forma resumida e nada exclusiva, podemos listar 5 referenciais:

1.       Valoriza os pensamentos, racionaliza todos os assuntos, tem ideias “fora da casinha”;

2.       Valoriza a intuição e as sensações (os 5 sentidos), às vezes usa expressões infantis (ex. diminutivo);

3.       Está sempre liderando, colocando preço em tudo ou com medo de cobranças;

4.       É calmo, lento, aguenta coisas que poucos aguentam, repete processos;

5.       A pessoa perfeita, que gosta de brilhar e se mantem no salto; 

Para ilustrar, selecionei algumas músicas da minha Playlist Nacional Rosa Apaixonada:

Meu amor
Me ensina a escrever
A folha em branco me assusta
Eu quero inventar dicionários
Palavras que possam tecer
A rede em que você descansa
E os sonhos que você tiver

Me Ensina a Escrever – Oswaldo Montenegro 

Inventar dicionários e tecer uma rede de palavras para descansar não é uma ideia que sai de qualquer mente. Quanto mais racional é uma pessoa, na maior parte das vezes, nas expressões comuns do dia a dia elas tendem a usar ideias racionais para explicar sentimentos. 

Nada como ser um sonhador
Tem tanto bem que só o tempo faz
E tanto em mim que já não volta mais
Queria ainda ter a sede de recomeçar
Queria não saber prever
Quando um amor vai acabar
Eu tô querendo voltar pra mim
Pra quando eu contava estrelas no céu
Voltar pra mim

Voltar pra mim – Sandy e Ludmilla

Aqui o referencial engloba todos os sentidos e a intuição, que é também chamado de 6º sentido. É a pessoa intuitiva, que sonha com coisas que acontecem, tem sede de coisas que não é de beber, em linguagem figurada, e sabe prever como ninguém os fatos, sem ter nenhum poder sobrenatural. Sua forma de se comunicar é cheia de expressões figurativas.

O meu coração pirata
Toma tudo pela frente
Mas a alma adivinha
O preço que cobram da gente
E fica sozinha
Levo a vida como eu quero
Estou sempre com a razão
Eu jamais me desespero
Sou dono do meu coração

Coração Pirata – Roupa Nova

Tudo tem seu preço e não existe almoço grátis. Esta é a premissa de vida dessa pessoa! É comum ela achar o tempo todo que está em dívida emocional, ou que os outros lhe devem algo, gostam de estar na liderança, no controle das situações e pessoas. Também são racionais, mas sabem transitar nas emoções quando querem.

Lembrar do que foi bom
Mas também quero tropeçar nas mesmas pedras do caminho
Refazer a mesma rota que meu coração traçou
Deixa eu voltar, quero voltar
Entrar na máquina do tempo é só ilusão, eu sei
Quero voltar
Quero viver o mesmo sonho e de novo encontrar você

Máquina do Tempo – Flávio Venturini

Não basta ser forte ao ponto de sair ileso de tropeços no caminho, é preciso querer tropeçar nas mesmas pedras! É uma metáfora, porque esse tipo de pessoa não tropeça jamais duas vezes no mesmo lugar, ela é capaz de ir pegando as pedras no caminho e suportando nas costas! Por outro lado, gosta de refazer rotas seguras e viver o mesmo sonho por ser menos arriscado. São calmas e mais lentas. 

Só com você desço do salto
Tiro a maquiagem
Elevo a minha voz
Baixo o tom do meu português
Posso me revelar
Falha e imperfeita
E confiar nas minhas glórias
E assim me faço inteira

Salto – Sandy

A perfeição em forma de gente, quando se permite ser “falha e imperfeita” ela se dá uma pausa para confiar nas suas glórias! Só tira a maquiagem e fala palavrão [ops, baixa o tom do português…] entre quatro paredes. Toda sua forma de se comunicar reflete a harmonia interna ou o excesso de autocrítica, quando as coisas não vão lá muito perfeitas…

Existem outras características para cada um dos cinco referenciais, contudo, a essência de cada um pode ser bem ilustrada por essas músicas. Todos podemos usá-las de modo inconsciente em determinado momento do dia, alguns terão uma representação predominante, outros terão duas, e alguns terão referenciais distribuídos de forma equivalente. 

Isso nos mostra que tudo o que dizemos, assim como o formato do corpo, revela muito mais sobre quem somos do que se poderia imaginar! O autoconhecimento é um material rico para o autor e para o leitor. Serve para o escritor ter matéria prima para escrever, saber cuidar e recompensar seus recursos, bem como conhecer as dores do seu público, por meio do que vê e ouve delas. 

Você já captou mensagens indiretas de quem a pessoa era de verdade por meio do que ela te dizia? 

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